sábado, 6 de abril de 2013

partida





"o sol batia em meu rosto naquela madrugada de domingo,achei que me sentiria triste por ter deixado tantas coisas para trás, mas algo interessante me aconteceu, a lufada de vento que batia em meus cabelos e fazia-me saltar pela grama foi tão intensa que senti a terra tremer sob meus pés, antes eu estava exasperada sem saber no que pensar nem no que fazer, porém eu estaria a um passo do abismo se não fosse minha mente ensolarada ter pensado em como tudo poderia se renovar, no início eu não entendia, estava tudo sobre pressão, estava tudo girando muito rápido e eu não tinha sustentação, algumas das coisas que foram me ensinada, metade eu havia esquecido, a outra metade estava presa no meu subconsciente e eu não tinha a chave para abri-la e me acalmar, agora tudo faz sentido e eu nem ao menos sei como explicar a forma como tudo aconteceu, ele estava ali do meu lado e de repente tudo sumiu, não era uma questão muito difícil de analisar, mas dizem que quando se olha de fora do jogo é fácil saber quem vai ganhar ou perder, e agora estou aqui juntando alguns pedaços e me lembrando de todos os sorrisos estáveis daquele dia em diante, mas sempre fui observadora, sempre fui controlada apesar de tudo ter se esvaído pelos meus dedos secos que agora flutuam sobre aquela massa de pluma vazia e desgranhada que é meu cabelo, vejo com clareza que posso me equilibrar, as vezes só parece que tudo caiu e voltou como numa cama de elástico, daquelas que a aninha brincava e que continua a brincar, eu mostrava-lhe como tudo acontecia e os dois sorriam pra mim, mas até quando durou aquele sorriso? Não sei ao certo, ficou preso na minha memória, ele não gostava muito de registros, nunca entendi porque, sempre remoto e paciente, comumente aquela mão fria e magra tocava meus dedos e nossos olhos se cruzavam até voltar a olhar o horizonte e ver a pequena correr, ela se divertia muito, e foi aí que senti que era meu lugar, mas acabou assim como areia levada pela maré, e procurei por respostas, elas estavam lá, não enxerguei, eu queria enxergar mas não enxerguei, a aninha agora dorme, não sei dizer ao certo se ela é nesse momento a melhor companhia, e vejo que lá do céu já despende um novo dia, tento me segurar no corrimão da escada do jardim, tenho que olha-la uma ultima vez e vê-la dormir como se não soubesse de nada, talvez ela não saiba, nunca sei o que se passa naquela cabecinha, apenas sei o que quero; aquele horizonte despendido de qualquer decepção me chama, ouço uma voz suave proclamar meu nome, e sinto que é hora de partir, e fico contente com tudo que se passou, me sinto leve como uma ave em busca da sua montanha no voo mais alto, o cheiro forte de terra molhada me faz fechar os olhos, a bolsa cor de carmim já está nas minhas mãos, e não sinto mais pesar entre nós, entre aquela casa, entre a vida."






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